quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Estrela Perigosa




Estrela perigosa
Rosto ao vento
Marulho e silêncio
leve porcelana
templo submerso
trigo e vinho
tristeza de coisa vivida
árvores já floresceram
o sal trazido pelo vento
conhecimento por encantação
esqueleto de idéias
ora pro nobis.
Decompor a luz
mistério de estrelas
paixão pela exatidão
caça aos vagalumes.
Vagalume é como orvalho.
Diálogos que disfarçam conflitos por explodir.
Ela pode ser venenosa como às vezes o cogumelo é.
No obscuro erotismo de vida cheia
nodosas raízes.
Missa negra, feiticeiros.
Na proximidade de fontes,lagos e cachoeiras
braços e pernas e olhos,
todos mortos se misturam e clamam por vida.
Sinto a falta dele
como se me faltasse um dente na frente:excrucitante.
Que medo alegre, o de te esperar...


(Clarice Lispector)

2 Comments:

' Rôh said...

Tinha que ser Clarice. ;DD
Não conhecia essa poesia dela, mas muito bonita, sem dúvida.
Passando rapidinho e deixando um abraço.

desculpe a invasão repentina. rs

Anônimo said...

indescritivelmente Clarice...
quem dera eu chegar a escrever como ela...
ps:descupe chegar assim sem avisar rsrs... é que sou uma amante das letras e quando vi a poesia da clarice aqui tive que ficar mais um pouco rsrs.

boa vida! ^^

 
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