Tapa-me os olhos: ainda posso ver-te Tapa-me os ouvidos: ainda posso ouvir-te E mesmo sem pés posso ir para tí E mesmo sem boca posso invoca-te. Arranca-me os braços: ainda posso apertar-te Com meu coração como com a minha mão Arranca-me o coração: e meu cérebro palpitará e mesmo se me puseres fogo ao cérebro Ainda ei de levar-te em meu sangue.
Niver Compadre "Marco Pereira" Dia: 23/1 a partir das 22 h Local: Depois Bar
"Vejo agora esse teu lindo olhar Olhar que eu sonhei E sonhei conquistar E que num dia afinal conquistei, enfim Findou-se o carnaval E só nos carnavais Encontrava-me sem Encontrar este teu lindo olhar, porque O poeta era eu Cujas rimas eram compostas Na esperança de que Tirasses essa máscara Que sempre me fez mal Mal que findou só Depois do carnaval..."
Desde pequenos ouvimos falar em morte, na perda das pessoas queridas.
Uma vida inteira para ir se preparando. Mas um dia bate a porta ... e daí descobrimos que tudo que presenciamos e procuramos respostas nos livros, administramos os sentimentos, nada disso funciona. Não é a perda em sim, porque isso é fato, mas a saudade ... para isso não tem remédio, é dor latejante... Dizem que só o tempo cura.
Mas depois o lado racional toma conta, temos a certeza que foi melhor assim. Ninguém quer ver o sofrimento de quem ama. Do nosso sofrimento, ficou a certeza de dever cumprido, a experiência em ver outras pessoas em igual situação ou pior. Ficou a intensa vontade e determinação em ajudar o próximo. Ficaram ótimas lembranças.
Se soubesse plasmar, te enviaria um pássaro, flores de maio e muita música. Não sei se consigo.
Muitas coisas me fazem lembrar você... quando era criança e íamos ao “Bar Tudo Azul" para ouvir seresta, ficava encostada no canto da porta, voltava com o vestido sujo de graxa, minha mãe ficava louca, ela nunca entendeu.
Ah ... e quando eu me apaixonei pelo seu amigo Carlos (20 anos mais velho), foi a única vez que gostei de um homem mais velho.
Teve nosso primeiro natal em Avaré, quando o DER fez sua transferência,
lembro-me quando abriu uma embalagem que Tio Osmar enviou, era um disco de Taiguara (Viagem), colocou na vitrola, foi amor no primeiro tom. Anos mais tarde você me deu esse disco (grande presente).
Sei o quanto você queria que eu cantasse e tocasse, mas foi em vão me presentear com um violão aos seis anos, eu amo música, mas não nasci para transmitir “música”. Muitas coisas você queria e não consegui por opção... nadar, cantar, dirigir, casar ... Quanto ao lado artístico, isso Ana Luiza vai fazer por mim.
Muita coisa em 47 anos de convivência, alegrias, tristezas, decepções e algumas brigas.
O importante é que pudemos “viver” sempre juntos, mesmo com nossas diferenças de idéias.
Pude dar-lhe as coisas mais preciosas “Lígia e Ana Luiza”, razões de nossas vidas. Acredito que as meninas prolongaram seu tempo por aqui ...
Nunca sairá de meu pensamento Lígia entrando para casar, você esperando-a sentadinho. Creio que tenha sido um dos dias mais felizes de sua vida e da minha também.
Muitas coisas sempre vão te lembrar, principalmente as músicas... (Tom, Chico, Elis, Paulinho da Viola, Cartola e outros), o azul da Portela que te emocionava, você lendo jornal e vendo o futebol.
"Quero pintar uma rosa. Rosa é flor feminina que se dá toda e tanto que para ela só resta alegria de se ter dado.
Seu perfume é mistério doido.
Quando profundamente aspirada toca no fundo íntimo do coração e deixa o interior do corpo inteiro perfumado.
O modo de ela se abrir em mulher é belíssimo.
As pétalas tem gosto bom na boca - é só experimentar.
Mas a rosa não é it. É ela.
As encarnadas são de grande sensualidade.
As brancas são a paz do Deus.
É muito raro encontrar na casa de flores rosas brancas.
As amarelas são de um alarme alegre...
As cor de rosa são em geral mais carnudas e tem a cor por excelência.
As alaranjadas são produto de enxerto e são sexualmente atraentes..." (Clarice Lispector)
Não sei muito o que falar sobre casamentos, porque após três noivados, não me casei. E para falar a verdade eu choro em todos!
Onze de dezembro (sexta-feira) Lígia e Rafael em cerimônia espírita oficializaram a união. Reunimos os amigos e familiares em reunião simples, mas feito com muito carinho para os noivos. A Cerimônia foi feita por tio Osmar, as músicas de entradas por Marcos Boi (violão e violino) e voz Marco Antonio.
A primeira entrada foi noivo e pais, Marco cantou lindamente a música de Tom Jobim "Lígia", motivo do nome dado a noiva (musa de Jobim), segunda entrada foi feito um jazz para os padrinhos.
As 20:05 h ao som de "Montreux" (Hermeto Paschoal) entrou Lígia, foi a visão mais linda de minha vida, tudo estava em plena sintonia, grande emoção e jamais sairá de minha mente e coração.
Depois entrou minha princesa Ana Luiza "a Dama" com as alianças ao som da "Nona Sinfonia de Beethoven (escolha dela)... no meio do caminho derrubou uma das alianças, isso deu um charme todo especial para um possível "acidente", mas encontrou e continuou, como se nada havia acontecido. A entrada de Líga foi sozinha, meu pai conseguiu dar uns passos e entregá-la à Rafael (emoção e tristeza se misturam), mas ele conseguiu.
Na troca de alianças, Marco Antonio cantou "Eu e a Brisa". Essa música foi feita para um casamento nos anos 60, a pedido de uma amiga de Johnny Alf, mas a Igreja Católica não permitiu.
Após a cerimônia Marcos Boi nos encantou com seu violino ao som de "Você é Linda".
E para nossa "Festa" a Banda Still Bird continuou a noite ...
O bouquet ... eu não peguei !!! Foi Kelli (noiva de Ivo), afinal ela já está encaminhada.
Mas fui eleita a sogra do ano!
Ainda não temos as fotos feita pelo fotógrafo Gigio, essas foram tiradas por amigos. Mas vale mostrar nossa felicidade.
Agradeço a todos que participaram, em especial ao amigo Marcos Boi, compadre Marco Antonio (amigo de todas as horas), Banda Still Bird, amigos, familiares, padrinhos, Juliana da "Linda Noiva", Dirce pelo lindo bolo e bem-casados, Danilo (cabelo e make-up), Júlio César (segurança), pessoal da cozinha, decoração.
Ao meu Pai que conseguiu suportar com dignidade e poder ver sua neta querida.
"Vieste Na hora exata, com ares de festa E luas de prata Vieste Com encantos, vieste, com beijos silvestres Colhidos pra mim Vieste Com a Natureza, com as mãos camponesas Plantadas em mim Vieste Com a cara e a coragem, com malas, viagens Pra dentro de mim, meu amor..."
"Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos, coubera arrancar de seu coração a flecha farpada.
De chofre explicava-se para que eu nascera com mão dura, e para que eu nascera sem nojo da dor.
Para que te servem essas unhas longas? Para te arranhar de morte e para arrancar os teus espinhos mortais, responde o lobo do homem.
Para que te serve essa cruel boca de fome? Para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor, já que tenho que te doer, eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada.
Para que te servem essas mãos que ardem e prendem? Para ficarmos de mãos dadas, pois preciso tanto, tanto, tanto ... uivaram os lobos e olharam intimidados as próprias garras antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir."
(Trecho do conto 'Os desastres de Sofia', in "Felicidade Clandestina - Clarice Lispector)
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Carmen La Vie
La Vie
O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem a possibilidade de ser compreendida - e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total é insuportavelmente bom - como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte. Deve-se deixar inundar pela alegria aos poucos - pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele. Ele é nós.
(Clarice Lispector)