terça-feira, 15 de junho de 2010

Você é o que ninguém vê

É um bolo com uma sandália maravilhosa ...



Ainda não tenho as fotos, mas meu "Niver 2010" estava ótimo.
Tive uma semana com diversos problemas (saúde, emocional e saudades), tudo me levava a pensar que nessa noite não estaria bem, passou pela cabeça até cancelar. O que seria uma ofensa para Marco, minha família e amigos.
Essa noite já tínhamos combinado em janeiro (aniversário de Marco), gostei tanto, que resolvi pedir ... então esse ano não teria Blues mas o Samba.

Noite mágica ... Marco Pereira e o Grupo Terreiro de Bambas com belíssimo repertório, mesa repleta de amigos. É muito bom sentir-se amada, esse momento preencheu duas lacunas, uma sem volta e a outra,complicada demais.

''Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?'' (Frida Kahlo)

Você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava, você é os nervos a flor da pele no vestibular, os segredos que guardou, você é sua praia preferida, Garopaba, Maresias, Ipanema, você é o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, você é o que você lembra.


Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora.

Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é o pelo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, você é as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda.

Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, você é o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá, você é aquele que rema, que cansado não desiste, você é a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta, você é o que você queima.

Você é aquilo que reinvidica, o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta, você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca, você é o que você pleiteia.

Você não é só o que come e o que veste. Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê. Você é o que ninguém vê.


(Martha Medeiros)

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