Se te pareço noturna e imperfeita
Olha- me de novo.
Porque esta noite olhei- me a mim, como se tu me olhasses
E era como se a água eu desejasse
Te olhei e há tanto tempo
Entendo que sou terra.
Há tanto tempo
Espero
Olha- me de novo
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha- me de novo.
Porque esta noite olhei- me a mim, como se tu me olhasses
E era como se a água eu desejasse
Te olhei e há tanto tempo
Entendo que sou terra.
Há tanto tempo
Espero
Olha- me de novo
Postado por La Vie às 00:35
"Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos, coubera arrancar de seu coração a flecha farpada.
De chofre explicava-se para que eu nascera com mão dura, e para que eu nascera sem nojo da dor.
Para que te servem essas unhas longas? Para te arranhar de morte e para arrancar os teus espinhos mortais, responde o lobo do homem.
Para que te serve essa cruel boca de fome? Para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor, já que tenho que te doer, eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada.
Para que te servem essas mãos que ardem e prendem? Para ficarmos de mãos dadas, pois preciso tanto, tanto, tanto ... uivaram os lobos e olharam intimidados as próprias garras antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir."
(Trecho do conto 'Os desastres de Sofia', in "Felicidade Clandestina - Clarice Lispector)
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