sábado, 30 de maio de 2009

Ventos de Paz

Amigos, durante o mês de junho estarei em férias, mande seus convites (estarei lá, eu vou!).
Alguns dias para colocar a casa em ordem, visitas aos médicos, dentista, depois ... a noite me espera.
Lembrando que dia 11 é meu aniversário, este ano não tem "Blues", mas estarei comemorando com os amigos no 566. Próxima semana enviarei o convite (arte by Estela Marla).





Ao mergulhar no seu olhar sereno,
reencontrei rastros do que vivemos.
Navegador, águas de amor espero
longe do cais você me faz eterno.

Vem trazer, ventos de paz,
muda minha vida, amor
Eu te espero o quanto for
abraça meu destino descobre meu caminho, querida.
Assim como essas flores que nascem entre as pedras da vida.

Te beijo com meus olhos, te entendo sem palavras, amiga.
Depois de tanto tempo pra tudo e todo sempre bem-vinda.

Vem trazer, ventos de paz,
muda minha vida amor
Eu te espero o quanto for
abraça meu destino descobre meu caminho querida.
Assim como essas flores que nascem entre as pedras da vida.

Te beijo com meus olhos, te entendo sem palavras, amiga.
Depois de tanto tempo pra tudo e todo sempre bem-vinda.
Meu amor, meu amor...


(Leila Pinheiro/Jorge Vercilo)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um ano de La Vie

"La Vie" completou 1 ano dia 25.
Aqui tive espaço para falar um pouco de mim (blogterapia), minhas dores, desejos e saudades.
Passaram por aqui : lindas imagens, muitos versos, amigos, músicas, o violonista, Lígia e Ana Luiza. Posso dizer que em cada post teve um pedaço de mim. Lembrando que o layout é de Ly Ferraz. A foto abaixo é um "bolo" (minha cara), falando em bolo, dia 11 próximo estarei com os amigos no 566, comemorando meus anos de Blues. Estou em contagem regressiva para entrar em férias (colocar a casa e a vida em orgem). Atenção amigos da noite, companheiros de vinho, cinema, conversas ... me aguardem!




Sempre não tive a idéia fixa de que a velhice me traria muito? Em meus jovens anos escrevi em algum lugar: primeiro nós vivemos nossa juventude, em seguida nossa juventude vive em nós. Não sei bem, ainda hoje, o que eu queria dizer com isso outrora. Mas eu tinha realmente medo de não atingir a idade de viver esta experiência; eu o sabia profundamente, uma longa vida, com todas as suas dores, vale ser vivida,. Claro, o valor da vida pode nos ficar escondido pelos desgastes sofridos pela nossa carne, nosso espírito (...) do mesmo modo que a juventude mais empreendedora pode se ver entravada em sua felicidade e em seu sucesso, por um fatal concurso de circunstâncias; mas, por além das perdas, a velhice adquire muito mais que a famosa aptidão à serenidade e à lucidez: ela permite que se chegue a uma plenitude mais acabada.


(Lou-Salomé)

sábado, 16 de maio de 2009

Estranho esse amor



Estranho também esse amor,
com hora marcada para a mutilação
da morte, o minuto acertado,e o fim consultando o relógio
para nos golpear.
Estranho esse amor de agora,
com meu amado atrás de um espelho baço
onde às vezes penso divisar seu vulto
como num aquário.
Enrolado em silêncio,
mais que nunca o meu amor comanda a minha vida...
(Lya Luft)

domingo, 10 de maio de 2009

Ouse

"Dia das Mães", procurei algum texto ou poema, mas nada combinava comigo ou com minha Mãe. Hoje estou de plantão (acho que não lembraram que sou Mãe), como trabalho em Shopping, penso que é mais uma data comercial e só! Sinto não poder estar com Lígia e Ana Luiza.
Lígia já me trocou pela sogra (rs), Ana Luiza me acordou para dar seu presente, e o cartão que é lindo! Beijo para minha Mãe que há tempos não consigo vê-la. Beijos para minhas filhas que mudaram totalmente a minha vida: ousei ser Mãe.




Lígia e Ana Luiza


Ouse, ouse... ouse tudo!

Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar sua vida a modelos,
nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.
Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la!
Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.
Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso:
algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!


(Lou-Salomé)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Insônia




Detesto não conseguir dormir, posso até sentir a respiração de todos ao meu lado: dormindo...
Não sou de ficar “rolando” na cama, fico imóvel, mas minha mente, essa viaja!
Devido à “malvada rinite” passei muitas horas pensando.

E acordei de mau-humor.

Como uma pessoa é capaz de trair a outra? Temos outras opções nesse caso (não falarei disso agora). Lealdade para mim é fundamental. Mas, nem todos pensam assim.
Eu perdôo, mas não esqueço! Então será que isso é perdão?

Passei por cada uma, agora acho muita graça, mas no momento foi cruel.
Não, não fui vítima, isso nunca!
Mas dói tanto que parece que te arrancaram um braço (sem anestesia), não é só a dor do ato, mas ausência do membro (para não falar em perda). Como dizia Vinícius de Moraes : "Nesse momento há total ausência de cores".

A vida vai continuar, com ou sem, ou até melhor.

Eu parto do princípio que não podemos gritar, chorar ou falar alto.

Nunca descer do salto!
Meu Pai diz que quem grita ou briga, perde a razão. Pessoas dotadas de inteligência conversam (nesse caso não tem conversa, só o silêncio), é melhor ignorar certos atos de fraquesa humana.

Se pegar os “dois juntos”, nunca tirar satisfação (está fora de si, em estado de encantamento). Não esqueça que ele sentiu o cheiro de uma “nova” fêmea.
Mesmo que esteja falando daquele jeito de bobo (do jeito que você gosta), fazendo os mesmo gestos que fazia com você, usando aquela camisa linda (cueca branca Cavalera), dá até para sentir o quanto exagerou no perfume.

Tem que saber administrar os sentimentos, isso não é ter sangue frio, é ter dignidade.
Eu sei, dá vontade de matar aquele canalha que te faz sofrer.
Paciência, ele se mata sozinho!

Não deixe de freqüentar os lugares que iam juntos, nem mude de amigos.
Continue do mesmo jeito, só que agora “solteira” ... Alma livre.
Com o tempo isso vai provocar profundamente os “traidores” ("ele" porque irá ficar morrendo de ciúme por você ser a "nova solteira do pedaço" – "ela" porque adoraria estar em seu lugar, alvo de muito assédio, já estará muito arrependida da péssima escolha).

Nunca (jamais) pense em vingança, isso é golpe baixo e fora de moda. Quem vai fazer isso é ela. Sim, ela mesma. Aquela linda e gostosa garota mais nova que você.
Nesse dia você vai sentir um prazer tão grande, como diria Norma Lúcia “um verdadeiro orgasmo".

Ah, o "traidor" irá te procurar (não imediatamente), mas vai chegando bem de mansinho.
Nunca pergunte por que está sozinho, deixe que o “traidor” (agora traído) te conte tudo, ouça com muita atenção, não perca nenhum detalhe (educação é tudo).

Não tente cair nos braços de “outros” ou beijar todas as bocas que encontrar (seria até muito bom), mas não dá certo, melhor ficar na sua!

Vai te convidar para sair, chorar em seu ombro (isso no primeiro encontro), te pedir colo, está fragilizado e arrependido (mentira - não se esqueça que "ele" não teve nenhum caráter no momento de te trocar).

Depois... sentirá novamente o cheiro de “nova conquista”.
Agora entraremos em cena.

Saia linda (vestida para matar), diria que ... com vestido vermelho, aquele belo conjunto de lingerie, salto alto e perfumada. Peça vinho (ele já vai saber que vai "rolar", vai sentir-se o máximo) , ouve aquela música maravilhosa (B B King, Eric Clapton, Sade, Nina Simone), tá ficando bom ... Não entrarei em detalhes íntimos, mas depois de tudo isso só tem uma frase em mente:
-Nossa como você mudou, perdeu aquela intensidade, ou fui eu que perdi o encanto por você?

É assim, se você não for aproveitar essas dicas, pelo menos vai dar boas risadas de mim, porque tudo isso é verdade.

P.S.: quando "ele" ler isso vai ficar furioso...(rs) , já estou melhor humorada! Mas isso faz parte da minha terapia ...(rs)

domingo, 19 de abril de 2009

Pin-up

Concordo, dessa vez ousei!
Meu tatuador o artista Ricardo Bibiano tem uma "Pin-up", uma bela tattoo, adoro essa arte!
Vi em vários sites e blogs sobre as Pin-ups , como surgiram e seus artistas, é apaixonante esse universo. Outro dia, falava com o fotógrafo Foguinho, ele sempre convida-me para fazer um "ensaio fotográfico" (coisa de amigo), para ser sincera tenho vontade (muita) e falta tempo. Mas irei fazer em breve, porque em junho completarei 47 anos, tenho que documentar essa ainda minha "boa forma" de quarentona , e quem sabe de pin-up?



Carmen La Vie - foto by Marcos Ferreira

Nos anos 40 e 50, fotos de mulheres sensuais ganharam o nome de ”pin-up”. Por quê? O destino das fotos era ser pendurada nas paredes de quartos de homens nos Estados Unidos. A palavra “pin” significa “fixar, segurar, prender” em inglês.

“Pin-up” a bela , é filha da revolução industrial. É no século XIX que são reunidas as condições para a emergência do gênero, quando surgem os meios de produção das imagens em massa, uma classe média urbana e uma sociedade mais aberta à representação da sexualidade feminina. Aos poucos vão sendo difundidos, na Europa e nos Estados Unidos, os calendários sexy, os cartões-postais e os pôsteres de atrizes de teatro, por vezes desnud
adas.


"Que ela seja desenhada ou fotografada, numa revista ou num calendário, a pin-up não é uma mulher de verdade, e sim uma fantasia: ela é feita para ser devorada com os olhos, e não para casar"


by Gil Elvgren

Pin-up também pode se referir a desenhos, pinturas e outras ilustrações feitas por imitação a estas fotos. As imagens “pin up” podiam ser recortadas de revistas, jornais, cartões postais, cromo-litografias e assim por diante. Tais fotos apareciam freqüentemente em calendários, os quais eram produzidos para serem pendurados .

Muitas “pin ups” eram fotografias de celebridades consideradas sex symbols. Betty Grable foi uma das mais populares dentre as primeiras “pin-ups”. Um de seus posters tornou-se onipresente nos armários dos soldados norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial.
Outras pin-ups eram trabalhos artísticos, representando versões idealizadas do que alguns imaginavam ser a representação de uma mulher particularmente atraente.

Um exemplo antigo do último tipo foi a Gibson girl (garota de Gibson), desenhada por Charles Dana Gibson. O gênero também deu origem a vários artistas especializados, tais como Gil Elvgren, Alberto Vargas, George Petty e Art Frahm.

Art Frahm

A expressão “cheesecake” é sinônimo de “foto pin-up”. O mais antigo uso documentado neste sentido é de 1934, antecipando-se a “pin-up”, embora anedotas afirmem que a expressão estava em uso na gíria pelo menos 20 anos antes, originalmente na frase (dita sobre uma bela mulher) “better than cheesecake” (algo como um verdadeiro pitéu).


Considerada uma das mais belas atrizes de Hollywood, Scarlett Johannson


Outra pin-up bastante conhecida é Betty Boop, personagem criada pelo desenhista Grim Natwick em 1930
seu corpo foi inspirado nas curvas da atriz Mae West



Uma das maiores referências no estilo ainda é a atriz e modelo Bettie Page, a fama veio depois de um ensaio sensual para a revista Playboy em 1955
Hugh Hefner, criador da Playboy, considerava Bettie Page
“a modelo do século XX”

Desenhadas ou fotografadas, elas encarnam há um século o ideal feminino de homens carentes,
e tiveram em Marylin Monroe seu principal símbolo

A pin-up mais célebre do século XX Marilyn Monroe, contribuiu de maneira considerável para impor o clichê da boneca loira, passiva e inocente, à espera do bem-querer do homem. Cada época, portanto,
fabricou uma pin-up que corresponde às suas próprias aspirações: ora uma deusa agressiva e conquistadora

Em anos recentes, ilustradores (Rion Vernon), têm explorado pin-ups de modo mais radical. Vernon, criador do termo "pinup toons", fundiu a clássica garota pin-up com os elementos da HQ e cartoon.

Outros tipos de pin-ups

Em HQs, uma pin-up é simplesmente uma arte que ocupa uma página inteira, costumeiramente sem diálogo, que exibe um personagem ou grupo de personagens, ou um acontecimento significativo, publicado numa edição regular ou especial e que não foi pensada para tornar-se um poster.

Em publicações profissionais para fãs de filmes e séries de televisão, uma pin-up pode representar uma fotografia posada dos atores ou atrizes do assunto em pauta, mas pode também exibir cenas específicas especialmente fotografadas para fins de divulgação (os chamados stills).

“Oops! Deixei cair a minha calcinha…”, exclama uma linda garota, com uma perna para cima e os seios arrebitados. Sexy, sorridente e bobinha, tal é o estereótipo da pin-up. Uma garota de papel que os esportistas nos vestiários ou os soldados nos quartéis penduram por meio de alfinetes há mais de um século.
Com o surgimento da Pop Arte nos anos 60 a fusão de pin-ups com a nova estética foi imediata. Os calendários, cartões e maços de cigarros que traziam as pin-ups eram elementos perfeitos para inspirarem os artistas. Assim, a imagem de Marilyn Monroe, por exemplo, foi imortalizada em quadros de Andy Warhol, o papa da Pop Arte. Além de Warhol, dois dos principais artistas pop a utilizarem as pin-ups em suas obras foram Roy Lichtenstein e Mel Ramos.

A partir dos
anos 70 com uma maior liberalização dos costumes e o avanço da indústria da pornografia, as pin-ups perderam bastante do seu espaço, mas mantiveram-se no imaginário da cultura pop. O que começou como ilustrações para reproduzir a beleza estética e o poder de atração das mulheres, como forma de driblar os moralismos da época, evoluiu para a transformação das pin-ups em personagens de carne e osso, seja com as atrizes no cinema ou como modelos fotográficos. Em meados dos anos 80 há uma retomada da estética das pin-ups com uma atualização que incluiu elementos futuristas e fetichistas.


Alberto Vargas


Mas, a herança a mais recente da pin-up talvez deva se procurada do lado do “novo burlesco”, nos Estados Unidos. Trata-se de uma corrente que vê as garotas combinarem, no palco, o cabaré com o strip-tease kitsch. Será um retorno às origens? De fato, foi nos teatros, no século XIX, que nasceram as primeiras pin-ups: sexy, espertas e… feministas.

fonte: UOL - Claire Guillot, Tradução: Jean-Yves de Neufville

Fashion Bubble/Imagens e letras: diversão cultural/Bolsa de Mulher

terça-feira, 14 de abril de 2009

Noite do Beijo

Recebi o convite por e-mail do amigo Davi Deamatis, o livro parece ser muito bom, irei ao lançamento. Vale ver o site tem muita coisa legal, as fotos abaixo tirei dele. Tentei colocar a foto da capa, mas não consegui.


“Noite do beijo”
Carlos Batistella
Editora do Autor
128 páginas 14 x 20 cm R$ 15,00

Lançamento
15 de abril de 2009
a partir das 19h
Bar Depois

Venda pelo site:
http://www.noitedobeijo.com.br/ ou no Depois Bar



“Noite do beijo”, romance de Carlos Batistella, mostra um febril movimento secundarista que surge no auge das lutas pela retomada da democracia no começo dos anos 80. Os jovens personagens mostram as contradições de uma cidade então conservadora, pacata, que se industrializa rapidamente. A efervescência do teatro amador da cidade também contribuí para o questionamento da atitude de um juiz substituto que, por decreto, proíbe “as apalpadelas, apertões, abraços indecorosos, beijos prolongados…”

Não menos importante é a participações de ‘focas’ e estudantes de jornalismo na trama que prepara a manifestação, e da mídia local e nacional que divulga e polemiza no delicado momento em que os líderes metalúrgicos do ABC estão presos e o país é governado por um general.
O texto nos lembra a época:
“– Assim ninguém condena o beijo cortês, o simbólico, o à francesa ou à russa, como sinal de respeito ou de saudação. Ninguém condena, e aqui está outra figura literária estupenda, o beijo de Julieta nos lábios de Romeu, colhendo neles, embora, os restos de veneno...
Óculos fundos de devorar os compêndios da Justiça, o que o meritíssimo senhor condena, explica, em defesa do colega de toga, é o beijo-ventosa.
– Ninguém nega o escândalo dos beijos das telenovelas, em cujas cenas os parceiros se lambuzam nas bocas, numa autêntica masturbação oral... – e esclarece, tomando fôlego e espaço no jornal. – E não chego a ponto de classificar, como onimus, o beijo em cutâneo, beijo cutâneo-mucoso e o beijo voluptuoso; nem classifico o beijo pela sua duração, como ocorreu em Nova York, com o célebre édito policial considerando imoral o beijo público que excedesse a um minuto.”
A polêmica do beijo, como se vê, se estende no tempo.

Como um alter-ego, no texto, outro personagem vagueia pelas ruas e redações de jornais e revistas, em anos posteriores ao acontecimento, no seu ofício de design. Traz as suas tentativas e frustrações amorosas, suas experiências, em meio a recortes de filmes e ‘beijos cinematográficos’ que procuram ambientar o tempo e local da sua busca.

Para o autor, olhar o passado e tentar entendê-lo funciona como um exercício de auto-conhecimento. Esta é a busca dos dois personagens: no presente, um deles conta uma história verídica, seus atores, seus sonhos; no outro, fragmentos de uma vida na metrópole, as vezes solitária, mas incessante nos dramas. O romance não ter estabelecer uma verdade histórica, pronta, para ser consumida sem questionamento. Ao contrário, a viagem da leitura é justamente oferecer dúvidas, porquês, onde cada um faz a busca das suas razões.







Carlos Batistella era secundarista e repórter, aos 17 anos, quando se juntou a outros estudantes da cidade de Sorocaba, para promover a "Noite do Beijo", uma manifestação contra uma portaria que proibia “beijos cinematográficos, em que as mucosas labiais se unem em expansão insofismável de sensualidade.

Formado no curso técnico de redação auxiliar, mudou-se para São Paulo, onde exerceu a função de secretário gráfico. Fez arte-final e diagramação. Trabalha hoje como diretor de arte em revistas e livros. Aos quarenta e cinco anos de idade ,assados vinte e sete anos dos incríveis acontecimentos, escreveu este livro para entender o passado.
Assim, crê, pode entender o futuro.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Que o olhar não se perca nas Tulipas

Tenho visto nos últimos tempos alguns blogs, gostei das propostas em breve colocarei os links.
No momento "tentando" um outro blog: Parler de la Mode (Falar da Moda), postando o que gosto e um pouco do que aprendi de moda (tecidos), iniciei com uma matéria sobre o "linho", muito interessante. Na verdade pensei em escrever um pouco do que vi durante 7 anos em uma indústria têxtil. Com a entrada dos tecidos importados (preços populares), houve a queda no mercado interno. Usei linho/rami durante todo esse tempo, é um luxo! Mas ele está de volta em grifes famosas. O blog ainda está "tímido", mas tenho algumas coisas em mente. Postei sobre vestidos de noiva, gostei ... mas vi no site Carambolas Azuis falando de um site lindo Rosa Clará, fiquei apaixonada pelos vestidos, é de dar vontade de usar . Mas a proposta do La Vie hoje, é esse lindo poema de Hilda Hilst, chega atravessar a alma!





Que este amor não me cegue nem me siga
E de mim mesma nunca se aperceba
Que me exclua de estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas
E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena.
E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas
Que este amor só me veja de partida.


(Hilda Hilst)

terça-feira, 24 de março de 2009

Qual a mulher ideal?



Sabemos muito bem quais são as características masculinas que nos agradam: papo inteligente, bom nível intelectual, tendência a mimos e gentilezas, aptidão a nos fazer rir, físico legal (que não somos santas) etcétera, etcétera etc. Como se justifica, então, o fato de desenvolvermos um verdadeiro estado de letargia amorosa por sujeitos que deixam a desejar em muitos quesitos citados? Explosão de hormônios? Projeção da figura paterna? Marte retrógrado no céu? Ebó na encruzilhada? Tudo isso junto? Cientistas, filósofos, astrólogos e afins ficam anos pesquisando o tema para chegar à mesma conclusão de nossas manicures: cada caso é um caso e cada um é cada um. E isso vale para ambos os sexos. Tanto quanto a gente, os rapazes não têm respostas prontas nem receitas infalíveis quando o assunto é o que torna uma mulher inesquecível.
É complicado prever com o que, por que e por quem um homem pode acabar se encantando.
O que, afinal, faz uma mulher ser marcante, única, à prova do tempo e até de outros relacionamentos. Tipo: o que será que Wallis Simpson, a duquesa de Windsor, tinha de tão especial (além de ser chiquérrima, claro) para que o então rei Eduardo VIII abdicasse do trono da Inglaterra para viver com ela? No extremo oposto: nem todo o estilo e a beleza da princesa Diana foram suficientes para que ela se tornasse a mulher marcante da vida do insosso príncipe Charles, que preferiu Camilla. Sim, sabemos que há mais mistérios sobre o que de fato impressiona os homens do que podemos prever. Por isso, ELLE foi atrás de experts de beleza, comportamento e estilo e listou dicas preciosas para transformar você, definitivamente, numa mulher marcante, dessas com quem o cara já velhinho ainda sonha em encontrar de novo. E também ouvimos sete homens bacanas que resolveram abrir o coração: eles contam quem foram suas mulheres inesquecíveis. O resto é com você.

Inspire!

Não, não se trata de nenhum exercício respiratório miraculoso do tipo pega-bofe. Segundo Maria Amália Vitale, terapeuta familiar de São Paulo, as mulheres inesquecíveis são aquelas que inspiram os homens. Com sensibilidade, elas os estimulam a desenvolver percepções diferentes. O homem sente que sua vida está se transformando, mudando para melhor, explica.

Exiba-se

Ninguém está dizendo que você deve fazer striptease sobre a mesa de um bar! É só que moças sociáveis têm mais chances de atrair os holofotes para si do que garotas muito tímidas. Não há dúvida de que personalidades expansivas conseguem maior visibilidade no trabalho, entre amigos e, claro, na vida amorosa, garante Maria Amália.

Não abuse e use

Encaremos os fatos: não é a sua plataforma Prada ou a sua bolsa no-vi-nha Marc Jacobs que vão torná-la inesquecível aos olhos alheios sim, 99% deles sofrem de miopia fashion. Os homens gostam de uma moda mais clássica e óbvia. Peças experimentais, conceituais ou com muita informação de moda (volumes, por exemplo) assustam, assegura Emanuela Carvalho, stylist e consultora de imagem.

Caia na real

Sabe aquela mulher que trabalha duro em seu emprego glamouroso, sai todas as noites para um drinque com as amigas e está sempre bem-humorada, disposta, linda, com a depilação e a manicure em dia e pronta para uma sessão de sexo selvagem? Pois ela só existe na série Sex and the City. Mulher inesquecível de verdade é a real. Alguém com contradições, defeitos (rugas e celulite, por que não?), mas interessada, companheira, apaixonada, que sabe ouvir e compreender. O resto é fantasia, define Mirian Goldenberg, antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Perfume-se

O perfume certo pode tornar uma mulher inesquecível. Mas isso não significa que você deve se manter fiel a um perfume pelo resto da vida. A mulher moderna tem muitas caras e um dia corrido. Não aconselho que use o mesmo perfume sempre, opina a aromatóloga paulista Fátima Leão. Os cheiros tipicamente sedutores, como jasmim, rosa e sândalo, são pronunciados e, por isso, mais indicados para a noite. E mesmo eles não têm 100% de garantia. A percepção do aroma é imprevisível e não racional. Ele pode amar ou odiar, alerta Fátima. Agora, se você gosta de uma determinada nota (lavanda, por exemplo) e faz questão de usá-la 24 horas por dia, a dica é mesclá-la a outros aromas mais leves pela manhã e marcantes à noite.

Seja meio Leila Diniz

Trocando em miúdos: seja autêntica. Nada mais afrodisíaco do que ser verdadeira e espontânea, por mais clichê que isso possa soar. Grande perita nessa arte, Leila Diniz escandalizou a sociedade brasileira com a sua postura prafrentex, ara usar uma expressão da época. Todos os homens de sua vida, e foram muitos, dizem o quanto ela foi importante para mudar a visão que tinham sobre as mulheres, explica a antropóloga Mirian Goldenberg, autora do livro Toda Mulher É Meio Leila Diniz (Record, 252 págs.). Quer saber a receita da mulher inesquecível de Leila? Ela teve a coragem de ser ela mesma ou soube ser sem esconder o ser, como escreveu Carlos Drummond de Andrade, completa Mirian.

Invista em você

Ok. Ginástica, um corte de cabelo dos bons e a pele macia de pêssego são eficientes armas de sedução, ninguém pode negar, mas mulher alguma consegue ser inesquecível se valendo só desses atributos. Cursos, viagens, boas leituras e afins abrem os horizontes, somam experiências e tornam qualquer pessoa mais interessante, logo, aumentam o seu potencial de ímã de homem. Se a tática não funcionar, pelo menos você será uma solteira culta.

Encarne a Gisele

Se você quiser manter o seu corte moderninho, à la garçon, boa sorte, mas saiba que mulheres inesquecíveis investem tudo no look de la Bündchen. Não adianta: o cabelo loiro comprido é o mais sedutor, diz o cabeleireiro Tiago Aprigio, do M. G. Hair Design. O que não significa que as orientais de cabelos negros estejam fadadas à indiferença amorosa. Na verdade, os homens não ligam muito para modismos e gostam mesmo é de cabelos bem tratados, tranqüiliza Tiago. No quesito make up, aposte na dupla olho preto e gloss cor de boca, dica do maquiador Théo Carias, do Self Make & Hair.

Tenha sorte

Mulher inesquecível que se preze tem que estar no lugar certo, na hora certa. Todos nós temos lacunas que queremos preencher, diz a terapeuta Maria Amália. Ou seja: se você fizer a linha acolhedora e cruzar com um rapaz carente, são grandes as chances de o cara gostar. Agora, se o mesmo sujeito estiver na fase do todo pimpão, vai achar que você está querendo dar uma de mãe o que, aliás, é bem broxante.

Seja sexy

Abuse da sensualidade chic e aposte em tecidos glossy, minicomprimentos, decotes estratégicos e transparências. Homens adoram mulheres que se vestem de forma sensual, especialmente na nossa cultura. E as mulheres sabem que dá resultado, opina Emanuela Carvalho. Em outras palavras: aposte já!


Fonte: Mônica Salgado / Elle

quarta-feira, 18 de março de 2009

Beijos Futuros

Essa foto Ly Ferraz enviou falando que era "nossa cara". E é!
Já providenciei essa "meia arrastão" que está de volta nesse outono/inverno,

me aguardem!
Hoje aniversário de Lígia, vinte e quatro anos . Parece que ontem eu chegava na maternidade, depois em casa com um lindo bebê que iria mudar para sempre a minha vida. Lígia, parabéns minha querida, tudo de bom... Sábado muita festa para comemorar! Te amo!







O ontem é um desfilar de dias intermináveis.
Só o dia de hoje é efêmero.
O amanhã: duvidoso e insondável.
O passado, eterno e reversível na memória:
quando lembro que tive tuas mãos nas minhas
teu sorriso em minha boca
teu corpo sob o meu!
Não deixes que os dias sós da minha vida
se multipliquem.
Faz com que eu pense que desvendei o
futuro,porque estarás comigo.

(Cassandra Rios - Beijos Futuro)

sexta-feira, 6 de março de 2009

Para todas as mulheres

Em homenagem ao "Dia Internacional da Mulher", escolhi esse poema de Cora Coralina, pela simplicidade em que retrata "todas as mulheres" que existem dentro de cada uma. Faltou uma que ame sapatos assim como eu.
A tela é de Di Cavalcanti (Cinco Moças de Guaratinguetá- 1930 - óleo sobre tela - acervo do MASP). Um beijo especial para minha Mãe que sempre encarou a vida de frente, minhas amigas, minhas filhas Lígia e Ana Luiza.
Di Cavalcanti

Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau-olhado,
acocorada ao pé do borralho, olhando pra o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum.
Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo...
Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa, pedra de anil.
Sua coroa verde de são-caetano.
Vive dentro de mim a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda, desabusada,
sem preconceitos, de casca-grossa, de chinelinha, e filharada.
Vive dentro de mim a mulher roceira.
– Enxerto da terra, meio casmurra.
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos.
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim a mulher da vida.
Minha irmãzinha... tão desprezada, tão murmurada...
Fingindo alegre seu triste fado.
Todas as vidas dentro de mim: Na minha vida – a vida mera das obscuras.

(Cora Coralina)

terça-feira, 3 de março de 2009

Só de passagem


Cada um que passa em nossa vida, passa só, pois cada pessoa é única, e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa só.
Leva um pouco de nós, deixa um pouco de si. Há os que levaram muito, mas não há os que não deixaram nada. Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova de que duas almas não se encontram por acaso...

(Acaso - Antoine de Saint Exupèry)

Ne Me Quitte Pas

Tudo começou com CD de Maysa que levei ao meu Pai, junto já iniciava a mini-serie na TV: novamente o furacão "Maysa" na moda.
Gosto muito da intérprete, mas para falar a verdade, as vezes, ela me deixa deprimida com sua intensidade ... essa sua entrega total.
Ana Luiza com apenas 9 anos, pediu para imprimir a letra em françês (ela diz que não consegue acompanhar Maysa e Nina Simone - cantam rápido) e a tradução. Só então me dei conta do quanto a letra é linda, entendo melhor a intensidade de Maysa especialmente nessa música.







Não me Deixes - Jacques Brel (tradução)

Não me deixes,
Não me deixes,
É preciso esquecer,
Tudo se pode esquecer
Que já para trás ficou.
Esquecer o tempo dos mal-entendidos
E o tempo perdido a querer saber como
Esquecer essas horas,
Que de tantos porquês,
Por vezes matavam a última felicidade.

Não me deixes...
Te oferecerei
Pérolas de chuva
Vindas de países
Onde nunca chove;
Escavarei a terra
Até depois da morte,
Para cobrir teu corpo
Com ouro, com luzes.
Criarei um país
Onde o amor será rei,
Onde o amor será lei
E você a rainha.

Não me deixes...
Te Inventarei
Palavras absurdas
Que você compreenderá;
Te falarei
Daqueles amantes
Que viram de novo
Seus corações ateados;
Te contarei
A história daquele rei,
Que morreu por não ter
Podido te conhecer.

Não me deixes...
Quantas vezes não se reacendeu o fogo
Do antigo vulcão
Que julgávamos velho?
Até há quem fale
De terras queimadas
A produzir mais trigo;
Que a melhor primavera
É quando a tarde cai,
Vê como o vermelho e o negro
Se casam
Para que o céu se inflame.

Não me deixes...
Não vou chorar mais,
Não vou falar mais,
Escondo-me aqui
Para te ver
Dançar e sorrir,
Para te ouvir
Cantar e rir.
Deixa-me ser à sombra da tua sombra,
A sombra da tua mão,
A sombra do teu cão.

Não me deixes,
Não me deixes,
Não me deixes,
Não me deixes.

Mais sobre "Ne Me Quitte Pas"

"Ne me quitte pas" é uma canção francesa, composta, escrita e cantada por Jacques Brel, publicada em 1959 pela Warner-Chappell. Foi escrita em decorrer da separação de Brel e de Suzanne Gabriello e interpretada por muitos outros artistas em francês ou versão em outros idiomas.

Segundo Brel, a música não é sobre o amor, mas sobre a covardia dos homens.

A primeira versão de Brel data de 11 de setembro de 1959, como parte do álbum La Valse à mille temps.
Em 1961, é produzida a primeira versão (em flamengo/holandês), intitulada Laat me niet alleen.
Treze anos após a versão original, em 20 de junho de 1972, Jacques Brel lança uma nova versão para o álbum que leva o mesmo nome.

"Ne me quitte pas" foi interpretada na versão orginal em francês por Simone Langlois, seguida de Nina Simone, Sylvie Vartan, Serge Lama, Nana Mouskouri (no álbum Hommages de 1997), Yuri Buenaventura (versão salsa, em 1999), Maysa Matarazzo e Estrella Morente. A interpretação de Simone Langlois (1959) foi possivelmente a primeira gravação: Brel teria dado a ela prioridade em gravar a primeira versão. Dentre os artistas brasileiros que gravaram a música, além de Maysa Matarazzo, podem-se destacar: Ângela Ro Ro, Roberta Miranda e Alcione.

Há outras versões de "Ne Me Quitte Pas" nos mais diversos idiomas, algumas memoráveis são os títulos: "If you go away", "Don´t leave me", "Bitte, geh nicht fort", "Non andare via", "Não me Deixes Mais", "Se Você Partir", "Laat me niet alleen", "Al tilchi mikan", "Ne ovstavljaj me", "No me dejes", "No em deixis mai", dentre outras.


"Ne Me Quitte Pas"
por Maysa Matarazzo

O Cineasta Espanhol Pedro Almodóvar incluiu a versão de "Ne Me Quitte Pas" cantada em francês por Maysa Matarazzo na trilha sonora do filme La Ley del Deseo (1987). Na cena, a pequena Ada, Manuela Velasco, atravessa sobre um rio o cenário onde Tina, Carmen Maura, interpreta a peça teatral A voz Humana de Cocteau, em trajes de primera comunhão. A voz de Maysa Matarazzo soa dramaticamente "Ne Me Quitte Pas". Se considerado o sucesso do filme, exibido em diversos países e premiado em diversos festivais internacionais, possivelmente seja, talvez, a interpretação de Maysa Matarazzo, a mais famosa de todas as conhecidas até hoje.
No Brasil, nos tempos recentes, a interpretação de Maysa Matarazzo ganhou notoriedade entre a nova geração ao fazer parte da trilha sonora da Minissérie Presença de Anita (2001), uma adaptação de Manoel Carlos do livro Presença de Anita de Mário Donato. A canção, além de tema de abertura, foi tema da personagem título, papel da atriz Mel Lisboa.

A versão em inglês foi feita por Rod McKuen e intitulada de If you go away. Essa mesma versão foi interpretada por David Bowie, Scott Walker, Shirley Horn, Alex Harvey, Jack Lukeman, Julio Iglesias, Marc Almond, Momus, Neil Diamond, The Paper Chase, Frank Sinatra, Dusty Springfield, The Dresden Dolls, Cindy Lauper.




(Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre)


domingo, 22 de fevereiro de 2009

A Serenata





Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
— só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?


(Adélia Prado)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Príncipe do Samba

Show imperdível

A Secretaria de Cultura da cidade de Votorantim e o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região convidam para o show de Paulinho da Viola no próximo domingo, 15/02, como parte da programação do Carnaval 2009.
A entrada custa R$ 2,00 e o ingresso deve ser adquirido nas bilheterias no dia do evento.
O camarote custa R$10,00 (por pessoa) e os convites devem ser adquiridos com antecedência nas entidades filantrópicas da cidade.
Mais informações pelos telefones: (15) 3353-8670 ou (15) 3353-8669

http://www.culturavotorantim.com.br/
Paulinho da Viola


Paulinho da Viola abre o carnaval em Votorantim


Um dos mais aclamados e elegantes sambistas brasileiros será a atração especial do Carnaval em Votorantim. Paulinho da Viola abre as festividades momescas na cidade no dia 15 de fevereiro, na Praça Lecy de Campos, como contou exclusivamente ao jornal Cruzeiro do Sul ontem, o secretário da cultura do município, Werinton Kermes.
Como esclareceu Kermes, a vinda de Paulinho da Viola só foi possível através de uma parceria entre a Secretaria de Cultura e o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região. “Há cerca de quatro anos venho tentando trazê-lo, mas nunca conseguimos”, falou Kermes, explicando que um dos motivos era o alto valor do show.
Para receber o cantor, compositor e violonista brasileiro, Votorantim está preparando uma estrutura especial para o show, que além do cantor contará com mais 20 músicos.

(Jornal Cruzeiro do Sul de 17/1 - Maíra Fernandes)

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Charme e Estilo


Coco Canel




Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.


(Paulo Leminsk)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Juro que a Vida é bonita

A "Diva" Maria Callas


O que eu quero contar é tão delicado quanto a própria vida. E eu quereria poder usar a delicadeza que também tenho em mim, porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber de tudo, o mistério continua intacto. Embora eu saiba que de uma planta brota uma flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é pudor apenas feminino. Pois juro que a vida é bonita.

(Clarice Lispector)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

La Passion

Os mais íntimos sabem de minha paixão por sapatos (sempre saltos altos), ainda me lembro de calçar os de minha mãe. Desde muito pequena, depois dos "olhos" eu olho para os "sapatos"! Eu dizia que quando ficasse "moça" iria comprar uma sandália vermelha de saltos bem altos (igual da prima Neusa), chegou tão rápido e comprei muitas. Sempre gostei de moda, por 10 anos trabalhei nessa área, hoje mesmo indiretamente continuo trabalhando, eu amo!
Selecionei alguns modelos que "me gusta" e coloquei a história dos sapatos, só para nossa curiosidade. Vi uma foto no blog Castelo da Li "Your Shoes", gostei tanto que um dia vou copiar essa criação. Quem realmente ama sapatos como eu, vale conferir o blog: www.stylemodateens.blogspot.com (uma matéria ótima sobre estilos e como usá-los).








A origem dos sapatos, muitos atribuem aos egípcios a arte de curtir couro e fabricar sapatos, porém, existem evidências de que os sapatos foram inventados muito antes, no final do Período Paleolítico.
Existem evidências que a história do sapato começa a partir de 10 mil a.C., ou seja, no final do Paleolítico, pois pinturas desta época, em cavernas na Espanha e no sul da França, fazem referência ao calçado.
Entre os utensílios de pedra dos homens das caverna existem vários que serviam para raspar as peles, o que indica que a arte de curtir é muito antiga. Nos hipogeus egípcios, que eram câmaras subterrâneas usadas para enterros, e que têm idade entre seis e sete mil anos, foram descobertas pinturas que representavam os diversos estados do preparo do couro e dos calçados.
No Antigo Egito, as sandálias dos egípcios eram feitas de palha, papiro ou de fibra de palmeira e era comum as pessoas andarem descalças, carregando as sandálias e usando-as apenas quando necessário. Sabe-se que apenas os nobres da época possuíam sandálias. Mesmo um faraó como Tutancamon usava sandálias e sapatos de couro simples, apesar dos enfeites de ouro.
Na Mesopotâmia eram comuns os sapatos de couro cru, amarrados aos pés por tiras do mesmo material. Os coturnos eram símbolos de alta posição social.
Na Grécia Antiga, os gregos chegaram a lançar moda, como a de modelos diferentes para os pés direito e esquerdo.
Na Roma Antiga, o calçado indicava a classe social. Os cônsules usavam sapato branco, os senadores sapatos marrons presos por quatro fitas pretas de couro atadas a dois nós, e o calçado tradicional das legiões era a bota de cano curto que descobria os dedos.
Na Idade Média, tanto homens como mulheres usavam sapatos de couro abertos que tinham uma forma semelhante ao das sapatilhas. Os homens também usavam botas altas e baixas, atadas à frente e ao lado. O material mais corrente era a pele de vaca, mas as botas de qualidade superior eram feitas de pele de cabra.
A padronização da numeração é de origem inglesa. O Rei Eduardo I foi quem uniformizou as medidas. A primeira referência conhecida da manufatura do calçado na Inglaterra é de 1642, quando Thomas Pendleton forneceu quatro mil pares de sapatos e 600 pares de botas para o exército. As campanhas militares desta época iniciaram uma demanda substancial por botas e sapatos.
Em meados do século XIX começaram a surgir as máquinas para auxiliar na confecção dos calçados mas, só com a máquina de costura o sapato passou a ser mais acessível.
A partir da quarta década do século XX, grandes mudanças começam a acontecer na Indústria calçadista, como a troca do couro pela borracha e pelos materiais sintéticos, principalmente nos calçados femininos e infantis.

Calçado no Brasil


Inicialmente utilizados somente como proteção dos pés, com a vinda da côrte portuguesa ao Brasil, em 1808, o comércio sofreu um incremento e os costumes europeizaram-se, passado o sapato a fazer parte da moda. Nesta época os escravos eram proibidos de usar sapatos, mas quando conseguiam a liberdade, compravam um par de calçados como símbolo da nova condição social. Como muitos não se acostumavam a usá-lo, viravam objeto de decoração ou de prestígio, carregando-os, orgulhosamente, nos ombros ou nas mãos.
Apesar de existerem várias sapatarias no Rio de Janeiro para atenderem o mercado da alta sociedade local, o calçado normalmente era importado da Europa. No final do século XIX o modelo básico do calçado era a botina fechada de camurça, de pelica ou de seda para as mulheres mais abastadas, e os chinelos para o restante da população feminina.
Nas décadas de 1910 e 1920 o modelo de sapato feminino mais usado no Brasil era o borzeguim ou a botina, evitando os pés expostos, mesmo que os vestidos já tivessem subido seu comprimento.
No pósguerra houve uma mudança muito grande na maneira de vestir e de calçar. A mulher passou a sair às ruas, praticar esportes e cuidar do corpo, sendo o tênis é inventado nessa época. Além disso, como os vestidos encurtaram, os sapatos ficaram mais à mostra, aumentando a preocupação com a estética do calçado.
Os sapatos ficaram mais abertos, deixando o peito do pé descoberto, e podiam ter alças em cima do pé e fechadas lateralmente ou tiras na parte traseira ou presas no tornozelo. O conforto era importante, por causa disso, os saltos não eram muito altos, e permitiam dançar o jazz e o charleston com facilidade.
No começo do século XX a industrialização do Rio Grande do Sul, junto com a proximidade de matéria-prima, o couro, contribui para a criação de um pólo coureiro-calçadista em Novo Hamburgo, dando início à várias indústrias como as de Pedro Adams Filho.


Fonte: www.sapatosite.com.br

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Salomé

Estou na minha fase Oscar Wilde, apaixonada pelo "De Profundis" (minha atual leitura), lembrei-me de "Salomé", certa vez vi um monólogo adaptado para bar (Depois Bar) com Beth Pinn e direção de Benão de Oliveira, apaixonante.
Nunca consigo me esquecer da dança, a sensualidade chega ser cruel!





SALOMÉ
Oscar Wilde

[...]
O profeta sai da cisterna. SALOMÉ olha para ele e recua.
IOKANAAN - Onde está aquele cuja taça transborda de abominações? Onde está aquele que, num vestido de prata, morrerá um dia perante o povo todo? Dizei-lhe que venha para que possa ouvir a voz de quem clamou nos desertos e nos palácios dos reis.
SALOMÉ - De quem está falando?
O JOVEM SÍRIO – Nunca sabemos, princesa.
IOKANAAN - Onde está aquela que, tendo visto homens pintados na muralha, imagens coloridas de caldeus, se deixou levar pela concupiscência dos seus olhos, e mandou embaixadores à Caldéia?
SALOMÉ – É da minha mãe que ele está falando.
O JOVEM SÍRIO – Não, não Princesa.
SALOMÉ - É da minha mãe, sim.
IOKANAAN - Onde está aquela que se entregou ao capitão dos assírios, que usa boldriés nos quadris e tiaras de diferentes cores na cabeça!? Onde está aquela que se entregou aos rapazes do Egito, vestidos de linho e de jacinto, cujos escudos são de ouro, os elmos de prata, e os corpos enormes? Dizei-lhe que se levante da cama da impudícia, da cama do incesto, para que possa ouvir as palavras daquele que está preparando o caminho do Senhor; para que se arrependa dos seus pecados. Ainda que não se arrependa nunca, e persevere nas suas abominações, dizei-lhe que venha, pois o Senhor está com o malho na mão.
SALOMÉ - Mas ele é terrível, é terrível.
O JOVEM SÍRIO - Não fiqueis aqui, Princesa, rogo-vos.
SALOMÉ - Os olhos, principalmente, é que são terríveis. Parecem buracos negros feitos por archotes numa tapeçaria de Tiro. Parecem cavernas negras, habitadas por dragões, cavernas negras do Egito, onde os dragões encontram refúgio. Parecem lagos negros agitados por luas fantásticas... Julgais que continuará falando?
O JOVEM SÍRIO - Não fiqueis aqui, Princesa, rogo-vos que não fiqueis.
SALOMÉ - Além disso, como é magro! Assemelha-se a uma esguia estatueta de marfim. Parece uma estatueta de prata. Tenho certeza de que é tão casto como a lua. Assemelha-se a um raio de lua, a um raio de prata. A sua carne deve ser muito fria, como o marfim... Quero vê-lo de perto.
O JOVEM SÍRIO - Não, não, Princesa.
SALOMÉ - Preciso vê-lo de perto.
O JOVEM SÍRIO – Princesa! Princesa!
IOKANAAN - Quem é essa mulher que está olhando para mim? Não quero que ela me olhe. Por que me olha com os seus olhos de ouro, sob o dourado das suas pálpebras? Não sei quem é. Não quero sabê-lo. Dizei-lhe que se vá. Não é com ela que desejo falar.
SALOMÉ - Sou Salomé, filha de Herodíade, princesa da Judéia.
IOKANAAN - Para trás! Filha da Babilônia! Não vos aproximeis do eleito do Senhor. A tua mãe encheu a Terra com o vinho das suas iniqüidades, e o grito dos seus pecados chegou aos ouvidos de Deus.
SALOMÉ - Fala mais, Iokanan. A tua voz me inebria.
O JOVEM SÍRIO - Princesa! Princesa! Princesa!
SALOMÉ - Mas fala de novo. Continua falando, Iokanan, e dize-me o que devo fazer.
IOKANAAN - Não vos aproximeis de mim, filha de Sodoma, porém,cobre o rosto com um véu, ponde cinzas na cabeça, e ide ao deserto à procura do Filho do Homem.
SALOMÉ - Quem é o Filho do Homem? É tão bonito quanto tu, Iokanaan?
IOKANAN - Para trás! Para trás! Ouço, no palácio, o bater das asas do Anjo da Morte.
O JOVEM SÍRIO - Princesa, suplico-vos que volteis!
IOKANAAN - Anjo do Senhor Deus, que fazes aqui com o teu gládio? A quem procuras nesse imundo palácio?... Ainda não é chegado o dia daquele que morrerá num vestido de prata.
SALOMÉ - Iokanaan.
IOKANAAN - Quem fala?
SALOMÉ - Iokanaan! Estou apaixonada pelo teu corpo. O teu corpo é branco como o lírio de um prado que o ceifeiro jamais ceifou. O teu corpo é branco como as neves que repousam nas monta-nhas, como as neves que repousam nas montanhas da Judéia e descem para os vales. As rosas do jardim da rainha da Arábia não são tão brancas como o teu corpo. Nem as rosas do jardim da rainha da Arábia, do jardim perfumado da rainha da Arábia, nem os pés da Aurora que pisam nas folhas, nem o seio da lua quando repousa no seio do mar... Não há nada no mundo tão branco como o teu corpo – Deixa-me tocar o teu corpo!
IOKANAAN - Para trás, filha da Babilônia! Foi pela mulher que o mal entrou no mundo. Não me faleis. Não quero escutar-te. Só escuto as palavras do Senhor Deus.
SALOMÉ - O teu corpo é hediondo. É como o corpo de um leproso. É como uma parede de gesso por onde as víboras passaram, como uma parede de gesso onde os escorpiões fizeram o ninho. É como um sepulcro esbranquiçado, cheio de coisas nojentas. O teu corpo é horrível, é horrível!...É pelos teus cabelos que estou apaixonada, Iokanaan. Os teus cabelos parecem cachos de uva, cachos de uvas negras que pendem das vinhas de Edom, nas terras dos edomitas. Os teus cabelos são como os cedros do Líbano, como os grandes cedros do Líbano que fazem sombra para os leões e os ladrões que querem esconder-se durante o dia. As longas noites negras, as noites em que a lua não se mostra, em que as estrelas têm medo, não são tão negras. O silêncio que habita as florestas não é tão negro. Não há nada no mundo tão negro como os
teus cabelos... Deixa-me tocar os teus cabelos.
IOKANAAN - Para trás, filha de Sodoma! Não me toqueis. Não se deve profanar o templo do Senhor Deus.
SALOMÉ - Os teus cabelos são horríveis. Estão cobertos de lama e pó. Parecem uma coroa de espinhos posta na tua fronte. Parecem um nó de serpentes negras enroscadas ao teu pescoço. Não gosto do teu pescoço. Não gosto dos teus cabelos... É pela tua boca que estou apaixonada, Iokanaan. A tua boca é como uma fita de escarlate sobre uma torre de marfim. É como uma romã cortada por uma faca de marfim. As flores da romãzeira, que florescem nos jardins de Tiro e que são mais vermelhas do que as rosas, não são tão vermelhas. Os rubros gritos das trombetas que anunciam a chegada dos reis, e metem medo ao inimigo, não são tão rubros. A tua boca é mais vermelha do que os pés daqueles que pisam as uvas nos lagares. É mais vermelha do que os pés das pombas que habitam os templos e são alimentadas pelos sacerdotes. É mais vermelha do que os pés daquele que volta de uma floresta onde matou um leão e viu tigres dourados. A tua boca é como um ramo de coral achado pelos pescadores no crepúsculo marinho e guardado para os reis...! É como o vermelhão encontrado pelos moabitas nas minas de Moab e tomado pelos reis. É como o arco do rei dos persas, pintado de vermelhão e com cornos de coral. Não há nada no mundo tão vermelho como a tua boca... Deixa-me beijar a tua boca.
IOKANAAN - Nunca! Filha da Babilônia! Filha de Sodoma, nunca.
SALOMÉ - Beijarei a tua boca, Iokanaan. Beijarei a tua boca.
[...]
IOKANAAN - Não tendes medo, filha de Herodíade? Não vos disse que ouvira no palácio o bater das asas do Anjo da Morte, e o Anjo não veio?
SALOMÉ - Deixa-me beijar a tua boca.
IOKANAAN - Filha do adultério, só há um homem que pode salvar-te. É aquele de quem te falei. Ide procurá-lo. Está num barco no mar da Galiléia, falando aos discípulos. Ajoelhai-vos na beira do mar, e chamai-o pelo nome. Quando ele vier até vós, e ele vem a todos os que o chamam, prosternai-vos aos seus pés e pedi-lhe a remissão dos vossos pecados.
SALOMÉ - Deixa-me beijar a tua boca.
IOKANAAN - Amaldiçoada sejais, filha de mãe incestuosa, amaldiçoada sejais.
SALOMÉ - Beijarei a tua boca, Iokanaan.
IOKANAAN - Não quero olhar-te. Não te olharei. Estás amaldiçoada, Salomé, estás amaldiçoada.
SALOMÉ - Beijarei a tua boca, Iokanaan, beijarei a tua boca.
[...]


Sobre "Salomé" de Oscar Wilde

O Amor no limiar da Loucura, num vórtice passional onde se fundem as mais primitivas pulsões recalcadas no inconsciente humano, Oscar Wilde partiu de uma história bíblica para a construção de uma brilhante peça de teatro - fato que lhe valeu a proibição da publicação e exibição em Inglaterra por influência da ala protestante que proibia a representação de personagens da Bíblia - de um dramatismo pungente pela intensidade das emoções vertidas pelas personagens que intervém na trama. A peça foi, originalmente, composta em língua francesa e interpretada em Paris pela carismática e sedutora atriz dos finais do século XIX e início do século XX - Sarah Bernhadt é grandemente aplaudida na Cidade-Luz. Olhando a obra do ponto de vista psicanalítico podemos, talvez, inferir que a construção do perfil psicológico das personagens reflete a controversa sexualidade do autor, isto é, uma homossexualidade camuflada e uma misógina mais do que evidente. A corroborar o fato, podemos observar que todas as características do ideal de beleza física de Wilde estão presentes na figura de João Baptista que é, para o autor, o (seu) verdadeiro objeto de desejo enquanto que este (Wilde) se projeta na figura de Salomé, possuidora da aparência física que ele gostaria de exibir. A faceta misógina do autor encarna uma mulher de beleza fatal, mas diáfana, a qual ele identifica com a Lua - um símbolo que personifica a ambigüidade e simultaneamente a fronteira entre a realidade e a loucura - fato ilustrado pelos presságios patentes em vários momentos deste drama intenso, quando as personagens são advertidas do perigo de sucumbir à perda da razão pela excessiva contemplação da Lua/Salomé. Porque a Lua, tal como a Princesa Real, possui uma face oculta (ao fim e ao cabo como o próprio Wilde em relação à sua própria sexualidade camuflada sob a capa de um casamento e dois filhos) que, em Salomé, será a ausência total de limites quanto à satisfação do seu desejo e que se opõe à sua aparência angelical e é sua capacidade de enlouquecer quem por ela se deixa enfeitiçar. Ao longo da peça vai sendo porém, progressivamente, desvendado o ambiente propício à tragédia assinalado por presságios, pela ocorrência da morte daqueles que contemplam demasiado a figura lunar de Salomé. João Baptista é o único que salva a alma abstendo-se de a contemplar agarrando-se firmemente à adoração do Filho do Homem para escapar à periculosidade da sedução feminina. Mas não consegue salvar a vida. Porque cai no erro de humilhar alguém que sente a turbulência de um primeiro amor que ele não compreende e que se propõe a condenar sem piedade. Não esqueçamos que João Baptista é apenas um humano. Não possui a perfeição espiritual de um filho direto de Deus. A Lua sedutora na figura de Salomé reage violenta e passionalmente tirando a vida ao ser amado para concretizar aquilo que não consegue realizar com ele vivo: o beijo que ele lhe negou."Salomé", ao contrário da maior parte da obra de Wilde - onde sobressai a mais fina ironia , está impregnada do universo que povoa o inconsciente deste polêmico autor britânico, com um complexo coquetel de pulsões, fobias, desejos ocultos, tabus sexuais e contradições que emanam do conflito entre o id, o ego e o superego do autor projetado nas personagens. Salomé é a própria personificação do Desejo, das pulsões que são, normalmente, "castradas" pela religião, defendida com uma paixão de verdadeiro fundamentalista por João Baptista. Uma história de amor, loucura e morte que Wilde legou para a posteridade e que obriga o leitor/espectador a refletir acerca dos limites da paixão e da tolerância.

(Cláudia de Sousa Dias)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Samba Canção

Tantos poemas que perdi. Tantos que ouvi, de graça, pelo telefone – taí, eu fiz tudo pra você gostar, fui mulher vulgar, meia-bruxa, meia-fera, risinho modernista arranhando na garganta, malandra, bicha, bem viada, vândala, talvez maquiavélica, e um dia emburrei-me, vali-me de mesuras era comércio, avara, embora um pouco burra, porque inteligente me punha logo rubra, ou ao contrário, cara pálida que desconhece o próprio cor-de-rosa, e tantas fiz, talvez querendo a glória, a outra cena à luz de spots, talvez apenas teu carinho, mas tantas, tantas fiz... (Ana Cristina César)

 
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